Um gozo*
Um gozo não seria o vazio
O que se esconde debaixo dos lençóis
Um vislumbrar do fim do dia
O pôr do sol?
Rosas deslizam naquele lugar
Em que as águas passeiam com o céu
A viagem do gozo se mostra
Como o silêncio da espera
O entre a vigília e o sono
Aquela penetração do horizonte
Não há limites para o gozo eterno
Despir é silenciar a mente
Atingir o orgasmo do esvaziamento
Em que as letras vermelhas
Desmaiam após o terremoto da vida
A música ao longe inaugura
O silêncio de minha energia
A força embalada pelos rascunhos da morte
Quero o travesseiro entupido de vozes secas
Que desconexas, apaguem a luz da história
A memória embaralha tudo, tenta corrigir segundos
Mas as peles se abrem naquela noite miraculosa
Em que senti o nada de desejos pelo nirvana de um gozo
Etéreo e pleno de desfolhagens.
*Reproduzido de http://rascunho.com.br/

Alexandra Vieira de Almeida, além de poeta, é contista, cronista, ensaísta e resenhista. Tem doutorado em literatura comparada e já publicou quatro livros de poesia. Seu verso já foi traduzido para espanhol, inglês, honalndês e chinês