Segunda, 31 de janeiro de 2022, 19h37
VERSO
Boécio
A Consolação da Filosofia (trecho)*
"Eu, que outrora compunha poemas plenos de alegria, Aí, sou agora forçado a usar de tristes metros! E eis que as Musas me ditam versos de dor, E as elegias enchem meu rosto de verdadeiras lágrimas. Pelo menos elas não foram tomadas de medo Nem deixaram de ser companheiras neste amargo caminho.
Glória de uma juventude outrora feliz e promissora, Consolam agora o destino infeliz de minha velhice, Pois repentinamente veio a inesperada velhiceE com ela todos os seus sofrimentos. De repente minha cabeça encheu-se de cabelos brancos, E o meu corpo cobriu-se de rugas. A morte do homem é feliz quando, se atacar os doces anos,
Nos acolhe no momento próprio, e atende ao chamado dos doentes. Mas ah!, como ela sabe se fazer surda aos miseráveis, E, cruel, ignorar os olhos em prantos! Quando a malévola Fortuna me favorecia com bens perecíveis, Quase me arrastou para a queda fatal. Mas agora, tendo revelado seu vulto enganoso, Eu imploro, e a morte se nega a vir a mim. Por que proclamastes muitas vezes minha felicidade amigos?
Quem se desvia é porque não estava no caminho certo".
*O trecho acima é parte da principal obra de Boécio, "A Consolação da Filosofia" (Martins Fontes - 1998), tradução de Willian Li. Reproduzido do site http://www.filosofia.com.br/
Anício Mânlio Torquato Severino Boécio (480 - 524) foi um filósofo, político, estadista, teólogo e poeta italiano. Sua obra teve muita influência na filosofia cristã do período medieval e ele está entre os fundadores da Escolástica, método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem. Acusado de traição a favor do Império Bizantino e de magia, sendo subsequentemente torturado, condenado à morte e executado. Na prisão, enquanto aguardava sua execução, escreveu "De Consolatione Philosophiae" (informações da Wikipédia)
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