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Segunda, 20 de junho de 2022, 15h57 LETRAS DELAS Procura-se um leitor Luiz Renato Souza Pinto* Quando a pessoa finge que é o que não é, ela está Maria Fernanda Elias Maglio
Não conheço pessoalmente Maria Fernanda Elias Maglio, mas parece que sim. Sua literatura transparece um jeito de ser e encarar o mundo para além de sua condição, profissão, sexualidade. Quando li seu “Enfim, Imperatriz”, fui abduzido pela linguagem dura de quem sabe o que diz e que fere, tanto quanto o leitor experiente, quanto o aprendiz. O livro ganhou o Jabuti de contos, em 2018, mais um da Editora Patuá. Em 2020 ela volta aos prêmios, desta vez com poesia. “179.Resistência” orbita o mesmo conjunto de imagens, cenário em que viv’almas buscam encaixe nesta imperfeição cotidiana que nos permite viver a vida. Venceu o prêmio Biblioteca Nacional, na categoria poesia. Gosto de pensar o 02/10/92 como eixo. É o dia do massacre do Carandiru, fato histórico que dispensa comentários, sobretudo no cenário miliciano em que estamos imersos. Os rituais de tortura, o sadismo que está por trás das relações de poder (não só) no sistema prisional são uma espécie de rastilho de pólvora das narrativas de Maria Fernanda. “... você pune o cara não só pelo que ele fez, mas também pelo que não fez. É o método mais eficiente de manter a ordem: matar o desgraçado antes de ele causar a desgraça”. (p. 42). O prefácio de Rogério Duarte, espécie de garrafa lançada ao mar em busca de um leitor, dá o tom do que vem pela frente: Quem tá vivo levanta a mão é uma convocação, porque este Se você é como eu, gosta de ler a literatura brasileira escrita por mulheres, sinta-se apresentado a mais uma delas. Tenho a impressão de que este livro pode abocanhar um ou outro prêmio por aí. Só acho! Encerrei minha crônica sobre “Enfim, Imperatriz”, de 2017, chamando a atenção para as oito páginas pretas, com letras brancas, feito epitáfio na forma de conto.
MAGLIO, Maria Fernanda Elias. Quem tá vivo levanta a mão. São Paulo: Patuá, 2021. *Luiz Renato Souza Pinto, poeta, escritor, ator e professor. Colabora mensalmente com o tyrannus, através da coluna LETRAS DELAS, onde envereda por literaturas escritas por mulheres acervo pessoal ![]() Maria Fernanda Elias Maglio é nome forte na literatura brasileira contemporânea. Atua, desde 2007, como defensora pública no Estado de São Paulo. Nasceu na cidade de Cajuru, próxima de Ribeirão Preto. Escreve desde 2013 e já mostrou-se bastante apta para o ofício das letras, colecionando prêmios importantes. Seu primeiro livro, "Enfim Imperatriz" (2017 - contos - Patuá) foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura e também faturou o Jabuti, em 2018. Em 2020, com "179. Resistência" (poesia - Patuá), venceu o Prêmio Alphonsus de Guimaraens de Poesia da Biblioteca Nacional e lançou, no formato digital, o romance "Você me espera para morrer?" (Patuá)
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Fonte: Tyrannus Melancholicus Visite o website: https://www.tyrannusmelancholicus.com.br/ |