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Quinta, 06 de dezembro de 2012, 22h00 Adélia Prado Agora, ó José É teu destino, ó José, a esta hora da tarde, se encostar na parede, as mãos para trás. Teu paletó abotoado de outro frio te guarda, enfeita com três botões tua paciência dura. A mulher que tens, tão histérica, tão histórica, desanima. Mas, ó José, o que fazes? Passeias no quarteirão o teu passeio maneiro e olhas assim e pensas, o modo de olhar tão pálido. Por improvável não conta O que tu sentes, José? O que te salva da vida é a vida mesma, ó José, e o que sobre ela está escrito a rogo de tua fé: “No meio do caminho tinha uma pedra” “Tu és pedra e sobre esta pedra”. A pedra, ó José, a pedra. Resiste, ó José. Deita, José, Dorme com tua mulher, gira a aldraba de ferro pesadíssima. O reino do céu é semelhante a um homem como você, José. Adélia Prado, poeta brasileira |
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Fonte: Tyrannus Melancholicus Visite o website: https://www.tyrannusmelancholicus.com.br/ |