A dor fantasma*
Tenho as mãos vazias
e horizontes perdidos.
Meu coração vai
onde a vista não alcança.
Meu coração,
treze caravelas,
não descobriu
país algum.
Meus dedos festejam
um braço invisível
e dores fantasmas,
esse vício:
agarrar-se às coisas.
Sinto o vazio espalmado
contra o vento que me cobra
ser possível,
uma pilhéria
de que os livros não dão conta.
*Poema reproduzido do site https://revistaacrobata.com.br/

A baiana Kátia Borges é escritora e jornalista, além de mestre e doutoranda em Literatura e Cultura pelo Instituto de Letras da UFBA. Transita livremente por vários gêneros literários. Em poesia, publicou os livros "De volta à caixa de abelhas" (2002, Selo As Letras da Bahia), "Uma Balada para Janis" (2010, Edições P55), "Ticket Zen" (2011, Escrituras), "São Selvagem" (P55, 2014), "Escorpião Amarelo" (2012, Edições P55) e "O exercício da distração" (Penalux, 2017). Tem poemas publicados em várias coletâneas, inclusive publicações internacionais