Ter teu retrato assim, corpo inteiro. Querida,
é para mim, a um tempo, alegria e tortura,
— alegria, pois vejo o sol da minha vida,
que, após tão longa ausência, irradia e fulgura;
mas tortura, também, tantálica e doida,
pois que te vendo assim, suave criatura,
— cópia viva do que és, uma rubra ferida
se me abre dentro d´alma, em imensa amargura.
Como quisera ter-te aqui sempre ao meu lado,
dia e noite e poder beijar-te como beijo
tua fotografia, o teu Corpo adorado!
Cansado de sonhar, eu aspiro ao real,
e, no meu louco amor, o eu ora mais desejo
é que me dês, em vez da cópia, o original...
José Barnabé de Mesquita, poeta de Mato Grosso (1892-1961)